o frio aperta,
a chuva miúda não dá tréguas,
as árvores têm cores de outono fantásticas,
fazem-se potadas** e marmelada,
as castanhas são saborosas,
comem-se torradas à lareira.
Aqui, atrás dos montes...
vêem-se águias a voar no céu,
encontramos ouriços perto de casa,
ao entardecer sentem-se os javalis,
junto à nogueira o esquilo come uma noz,
e abre-se a porta de casa e temos um cobra (pequenina!) a olhar para nós!
Aqui, atrás dos montes...
o tempo corre lento,
não é fácil solucionar problemas,
arrastam-se situações por resolver,
os "artistas" nem sempre assumem compromissos.
Aqui, atrás dos montes...
é atrás dos montes!
E eu adoro estes montes!
* nome de bebida tipo aguardente que serviam na Festa da Cabra e do Canhoto, em Cidões-Vinhais.
Segundo me contou um senhor de sorriso rasgado, a expressão "úlhaque" era utilizada quando experimentavam a aguardente, querendo dizer "olha que é... forte/boa!)
** chamam "potada" ao processo de fazer a aguardente. Utilizam um "pote" de cobre, sem serpentina. Um processo artesanal que ainda não sei explicar! Juntam-se os homens, e por vezes também as mulheres, e ali passam horas/dias junto ao lume a fazer a potada, a provar a aguardente nova e quente, a comer e a conversar.
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